Você sabia que nem todas as cavidades que se desenvolvem nos dentes são cáries? As lesões cervicais não cariosas, LCNC, são cada vez mais comuns. Você até pode estranhar o termo, mas existe uma grande chance de tê-las em um ou mais dentes.
As LCNC são cavidades que se desenvolvem preferencialmente na região cervical dos dentes, rente à gengiva, e sem o envolvimento de bactérias. Geralmente, há, também, uma retração da gengiva próxima.
Essas cavidades são o resultado da perda irreversível dos minerais dos dentes.
PRINCIPAIS CAUSAS
As principais causas mecânicas das LCNC são:
ABFRAÇÃO, resultado da flexão estrutural do dente em situações de excesso de trabalho como em pacientes que apresentam bruxismo ou roem as unhas, e em dentes “altos” que tocam mais que os demais.
ABRASÃO, que acontece quando há força excessiva, técnica inadequada ou uso de escovas duras durante a escovação.
Freios labiais curtos também podem participar da etiologia quando causam a retração da gengiva, expondo dentina.
As principais causas químicas acontecem pela EROSÃO proveniente de vômitos frequentes, como na bulimia, medicações e dieta.
PREJUÍZO ESTÉTICO E FUNCIONAL
Além do prejuízo estético óbvio, essas lesões podem tornar os dentes hipersensíveis à temperatura e ao toque, pois, diferente do esmalte, não inervado, a dentina apresenta-se com cerca de 30.000 túbulos por mm2, preenchidos com terminações nervosas.
E tem mais, essas cavidades apresentam-se na forma certa para acumular bactérias contribuindo para o desenvolvimento de cáries e doenças periodontais. Se ficarem profundas demais podem, inclusive, causar a morte da polpa dental e enfraquecer a estrutura dental de modo a causar fratura entre raiz e coroa.
O RISCO RESIDE EM NÃO FAZER NADA
Antes de mais nada, é preciso descobrir a causa ou causas das LCNC e solucioná-las adequadamente. O passo seguinte é recobrir as cavidades para proteger toda dentina exposta.
Quando o esmalte é perdido e a gengiva retrai, a dentina, tecido que compõe a maior parte do dente, fica exposta ao desafio bucal. Em média, essa dentina é composta por 70% de matéria inorgânica, cristais de hidroxiapatita e 30% de matéria orgânica e água.
Acontece que mesmo em um PH de 6,7, ou seja, muito próximo do neutro, a dentina já começa a perder minerais para a saliva. Trocando em miúdos, a dentina se dissolve facilmente no meio bucal quando não está protegida por esmalte e gengiva. Ela não foi feita para ficar exposta. O processo é relativamente crônico, mas, ao longo do tempo, os danos podem ser significativos.
É por isso que a conclusão óbvia e recomendação atual de pesquisadores e da academia é de que toda dentina deve ser recoberta com gengiva (cirurgicamente) ou restaurando-a com biomateriais, como resinas.
Se você tem esse tipo de lesão, agende sua consulta!